Empresas recuperadas: saiba como trabalhadores reativaram metalúrgica falida por meio da autogestão

“Acreditamos num sistema mais justo e igualitário entre os trabalhadores e as trabalhadoras. Por isso, acreditamos na economia solidária”.

A fala é de Maurício da Costa, dirigente e cooperado do Sistema Uniforja (Cooperativa Central de Produção Industrial de Trabalhadores em Metalurgia), que fica em Diadema, região do ABC Paulista. Ele faz parte do grupo de ex-funcionários que recuperou a extinta Conforja, que faliu nos anos 1990. Na época, trabalhadores e trabalhadoras que ficaram desempregados encontraram uma solução que, atualmente, a Unisol Brasil, central afiliada à Unicopas (União Nacional das Organizações Cooperativistas Solidárias), incentiva em todo o Brasil: a criação de cooperativas baseadas no sistema de autogestão.

Mesmo frente aos desafios impostos pelas crises econômica e política pelas quais o Brasil passa, agravadas pela pandemia no novo coronavírus (Covid-19), a Uniforja manteve o pique na produção. Isso porque, segundo Costa, estão com forte atuação em dois segmentos: o automotivo, com caminhões e equipamentos agrícolas, e a energia eólica. “São duas áreas que se mantiveram aquecidos mesmo com a pandemia, então, o trabalho está fluindo bem”.

Conheça o processo de produção do Sistema Uniforja no relato de Maurício da Costa:

Maurício Costa, dirigente da Uniforja

“Uma planta de 65 mil metros quadrados concentra, hoje, 300 funcionários, sendo 200 provenientes das cooperativas primárias (Coopertratt, Cooperlafe e Cooperfor) e 100 contratados diretos da Uniforja. A planta tem os serviços da área-fim (metalurgia), fabricando peças como anéis industriais, flanges, conexões tubulares, coroas e pinhões.

Atualmente, atendemos principalmente os setores automotivo (nas áreas de caminhões e de equipamentos agrícolas) e o da energia eólica, que está em crescimento. Mas também temos serviços prestados para os setores aeroportuário, naval, da construção civil e de energia nuclear. Esses serviços são realizados pelas cooperativas, mas, também na planta, a Uniforja toca as áreas-meio, tais como contabilidade, departamento comercial e recursos humanos.

Todos os empreendimentos funcionam em regime de autogestão. Hoje, eles mantêm os certificados ISO 9001 (Sistema de Gestão da Qualidade), IATF 16949 (Sistema de Gestão da Qualidade para segmento automotivo), ISO IEC 17025 (Competência para Laboratório de Ensaios) e ISO 14001 (Sistema de Gestão ambiental).

Grande parte dos cooperados da Uniforja já era sindicalizado quando o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC ajudou no processo de criação e fundação da Unisol. Até hoje todos acreditam tanto na economia solidária quanto no sistema de autogestão. Isso porque acreditamos num sistema mais justo e igualitário entre trabalhadores e trabalhadoras. Por isso acreditamos na economia solidária, que fomenta os segmentos para, por meio do trabalho, tocar o seu negócio. E também acreditamos num modelo de organização feita pelos trabalhadores, que se resume na autogestão”.

Por um Brasil Cooperativo e Solidário: desenvolvimento e sustentabilidade

A experiência da metalúrgica Uniforja faz parte da série de relatos de uma cadeia produtiva justa, limpa e inclusiva, que mostra que com cooperação e solidariedade é possível gerar desenvolvimento ao mesmo tempo em que promove sustentabilidade e justiça social.

A série faz parte da campanha de sensibilização ‘Por um Brasil Cooperativo e Solidário: desenvolvimento e sustentabilidade’, promovido pelo projeto ‘Fortalecimento da Rede Unicopas’, co-financiado pela União Europeia.

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