Cadeia do bem: conheça o trabalho de mulheres que transformam resíduos de café em arte

Ao todo, são 25 mulheres que fazem parte do grupo MOBI (Mulheres Organizadas em Busca de Igualdade). Cooperadas da COOPFAM (Cooperativa de Produtores Familiares) de Poço Fundo e região, em Minas Gerais. Elas são as responsáveis pela produção orgânica do Café Feminino, que é resultado do encontro e da luta de mulheres que acreditam no potencial que possuem.

Elas plantam o próprio café e da palha e borra, cultivam também a arte do artesanato. Elas cresceram. Cresceram tanto que o Café Feminino foi o escolhido para ser servido na Copa do Mundo do Brasil.

Com a produção pautada no comércio justo e na agricultura familiar sustentável, orgânica e solidária, elas cultivam, dia após dia, o que chamam da cadeia do bem.

Conheça essa história no relato da agricultora familiar Dayany de Assis:

“O projeto de artesanato surgiu em 2013 com o propósito de geração de renda na entresafra para as mulheres produtoras de café do Posso Fundo, em Minas Gerais.

Com essa demanda, foi implantado um curso de quatro meses com professoras especializadas nos artesanatos com palha de café.

As participantes do curso foram as mulheres do MOBI, um grupo organizado pelas cooperadas da COOPFAM e também pelas colaboradoras do MOBI, mulheres consideradas amigas do grupo que se identificam com seus ideais, mas moram na cidade. Elas também se envolveram e começaram a trabalhar com a palha do café.

Depois do curso, as mulheres foram se aprimorando cada dia mais, desenvolvendo novas técnicas que envolvem não só a palha, mas outros subprodutos da produção cafeeira, como a borra, filtro de papel e a juta da sacaria de café que não seria mais utilizada.

Com a produção do artesanato em andamento, sendo confeccionadas peças muito bonitas, a COOPFAM iniciou o processo de comercialização dos produtos. No entanto, as mulheres se depararam com um grande problema. Para emitirem nota fiscal de comercialização das peças, seria necessário apresentarem um cadastro como MEI (Microempreendedor Individual), o que estaria descaracterizando o trabalho desenvolvido como produtoras rurais, visto que todo processo é realizado com produtos da roça e elas não saem da roça para confeccioná-los, mas ainda assim, precisariam de documentos de microempreendedoras para seguir com a comercialização. 

Sendo assim, colaboradores da cooperativa escreveram um projeto para um deputado estadual pedindo que, a partir de uma lei, fosse possível que as produtoras comercializassem seus artesanatos com o cartão de produtora. O projeto foi votado e aprovado em segunda instância. Isso foi mais uma vitória para as mulheres, não apenas para o grupo MOBI da COOPFAM, mas para todas as produtoras que desejam comercializar seus subprodutos!

Atualmente, as mulheres já estão organizadas para novos cursos de artesanato que terão início no segundo semestre deste ano. Será a continuidade de um projeto bem-sucedido que ocorre desde 2013, perpetuando informação, aprendizagem, economia e a união das mulheres na construção da cadeia do bem”.

Atualmente, a COOPFAM conta com 450 cooperados e cooperadas de 32 municípios e beneficiam mais de 800 famílias produtoras. Conheça todo o trabalho desenvolvido pela COOPFAM, cooperativa afiliada à Unicafes Nacional, que compõe a Rede Unicopas.

Por um Brasil Cooperativo e Solidário: desenvolvimento e sustentabilidade

A experiência do grupo Mulheres Organizadas em Busca de Igualdade faz parte da série de relatos de uma cadeia produtiva justa, limpa e inclusiva, que mostram que com cooperação e solidariedade é possível gerar desenvolvimento ao mesmo tempo em que promove sustentabilidade e justiça social.

A série faz parte da campanha de sensibilização ‘Por um Brasil Cooperativo e Solidário: desenvolvimento e sustentabilidade’, promovido pelo projeto ‘Fortalecimento da Rede Unicopas’, co-financiado pela União Europeia.

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