Cooperativismo solidário se consolida enquanto alternativa eficaz de desenvolvimento

Foto: Wellington Lenon / MST

Em tempos de crise, o cooperativismo guiado pelos princípios da economia solidária foi reafirmado enquanto estratégia para a retomada do crescimento do Brasil. Ato político da Unicopas que ocorreu na manhã desta quarta-feira (28) reuniu parlamentares e representantes do cooperativismo solidário de todo o país.

Reafirmar a importância do cooperativismo solidário e resgatar os princípios da cooperação, da autogestão e da solidariedade para o Brasil, em defesa de um sistema produtivo centrado no ser humano. Foi com este objetivo que a Unicopas (União Nacional das Organizações Cooperativistas Solidárias) reuniu na manhã desta quarta-feira, 28 de julho, parlamentares e representantes do cooperativismo solidário para um ato político virtual.

Claudete Costa, vice-presidenta da Unicopas, que coordenou o ato, lembrou que “o cooperativismo solidário é muito mais que um nome, é a história de vida de milhares de trabalhadoras e trabalhadores, de homens e mulheres que batalham para conquistar seus espaços, seus direitos e para colocar comida na mesa. É o setor que gera trabalho e renda principalmente às populações mais vulneráveis do campo e da cidade”.

Você sabe o que é cooperativismo solidário?

Foi para debater esta estratégia de desenvolvimento que Leonardo Pinho, dirigente da Unicopas e presidente da Unisol Brasil, destacou três peças legislativas em tramitação no Congresso Nacional que tem relação direta com o fortalecimento do cooperativismo solidário. São elas:

– a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) 69/2019, que inclui os princípios da economia solidária na Ordem Econômica da Constituição Federal;

– o PL (Projeto de Lei) 6606/2019, que institui a Política Nacional da Economia Solidária;

– e o PL 519/2015, que moderniza a Lei Geral do Cooperativismo.

“A nossa diversidade não nos divide, ela nos enriquece. E nós precisamos construir um novo Brasil, pautado nos princípios da cooperação e da solidariedade. Estamos enfrentando muitas pautas negativas no Congresso, mas queremos trazer neste ato estas três grandes prioridades para que possamos contar com o apoio do parlamento nesta construção de um desenvolvimento mais sustentável, com inclusão, redução das desigualdades e justiça social”, sublinhou Pinho.

Apoio demonstrado por todos os parlamentares presentes. O deputado Zeca Dirceu, destacou a importância de fomentar ações cooperativistas solidárias, principalmente no momento em que o Brasil passar pela pior crise política e econômica da história, agravada pela pandemia da Covid-19.

Crise que para o colega de parlamento, deputado Alexandre Padilha, vai muito além da pandemia. “Vivemos uma sindemia, pois temos impactos que vão muito além das mortes causadas pelo novo coronavírus. Temos o desemprego, a fome, a exclusão. É neste cenário que a economia solidária se mostra ainda mais forte”.

O deputado Paulo Pimenta, lembrou que para além de todas as consequências sofridas pelo Brasil, segundo a revista Forbes, 11 novos brasileiros entraram na lista dos novos bilionários do mundo. “Ou seja, vivemos uma economia que concentra e exclui. Mas acreditamos e sabemos que uma outra economia que produza com respeito ao meio ambiente, com qualidade e inclusão, é possível e já acontece. Mesmo após um inverno rigoroso, a primavera sempre vem. Estamos em tempos de resistência, mas também de organização”.

Fato destacado pelo deputado João Daniel. “Precisamos construir um projeto permanente de desenvolvimento e de produção que não esteja focado apenas no dinheiro, como é o capital. Não há outra alternativa que não seja a consciência e a organização”. E é para enfrentar esta crise que o cooperativismo solidário se mostra com uma estratégia eficaz, como pontou o deputado Enio Verri. “Quando o capital vivia a sua pior crise, a primeira alternativa encontrada por trabalhadores e trabalhadoras foi o cooperativismo. A economia solidária é uma alternativa real para enfrentarmos o capitalismo”. Mais que uma alternativa local de desenvolvimento, este sistema produtivo, para Verri, precisa ser um projeto para o Brasil.

Isso porque, como lembrou o deputado Zé Carlos Nunes, a economia solidária reafirma o sentido social do trabalho, possibilita maior produção e proteção social aos trabalhadores e às trabalhadoras ao mesmo tempo em que gera uma parcela de renda extra às comunidades mais vulneráveis. “É mais que uma ideologia, é uma estratégia de desenvolvimento social”.

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Jaime Muniz, assessor da deputada Benedita da Silva, e Luís Carlos, assessor do deputado Glauber Rocha, também reafirmaram o apoio e colocaram os respectivos gabinetes à disposição da Unicopas.

Francisco Dal Chiavon, presidente da Unicopas, destacou a importância de, no mês do cooperativismo, aprofundar o debate junto ao parlamento. “Esperamos que nos próximos anos, a gente possa construir projetos que fortaleçam o cooperativismo solidário para que nós possamos ter os mesmos incentivos que as empresas provadas”. Já Vanderley Ziger, presidente da Unicafes Nacional, lembrou que, além de reforçar a articulação com o Congresso Nacional, também é estratégico avançar o debate para os estados e municípios. “Muitas coisas resolvemos em Brasília. Outras tantas, conseguimos garantir também com a criação de legislações estaduais e municipais”.

Assista o ato na íntegra:

O ato fez parte da campanha ‘Por um Brasil Cooperativo e Solidário: desenvolvimento e sustentabilidade’ lançada pela Unicopas em referência ao Dia Internacional do Cooperativismo, celebrado no primeiro sábado de julho. A campanha, promovida pelo projeto ‘Fortalecimento da Rede Unicopas’, co-financiado pela União Europeia, traz série de relatos de uma cadeia produtiva justa, limpa e inclusiva, que mostra que com cooperação e solidariedade é possível gerar desenvolvimento ao mesmo tempo em que promove sustentabilidade e justiça social.

Confira algumas das nossas histórias:

A Unicopas é uma organização criada em 2014 a partir da união das principais centrais do cooperativismo e da economia solidária do país: Unicafes Nacional, Unisol Brasil, Concrab e Unicatadores. Ao todo, a entidade representa mais de 2.500 cooperativas e empreendimentos econômicos solidários, em um universo de mais de 800 mil trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade em todo o Brasil.