Estratégias foram abordadas nos cursos de formação da Unicopas deste sábado, 19 de fevereiro; atividades são promovidas com o apoio da União Europeia
“Só haverá transformação social se houver organização popular”. Francisco Dal Chiavon, presidente da Unicopas (União Nacional das Organizações Cooperativistas Solidárias), foi enfático ao fazer essa afirmação durante mais uma aula do curso online ‘Economia Solidária como Estratégia de Desenvolvimento’, promovido pela entidade com o apoio da União Europeia.
De acordo com ele, para que a organização popular saia do plano das ideias é preciso necessidade e vontade. “A nossa saída é a organização de classe. E nós, enquanto trabalhadoras e trabalhadores, precisamos nos organizar entre nós e não para os empresários. Sabe por quê? Porque os empresários se organizam para acumular riqueza só pra eles mesmos. Nós estamos construindo uma organização a partir do princípio da coletividade e da colaboração em que todas as riquezas – o lucro, o conhecimento, o trabalho – sejam repartidas entre todas e todos”.
Para Dal Chiavon, um dos instrumentos mais eficazes para isso é a organização a partir do cooperativismo solidário. “Isso porque precisamos comungar com os princípios da cooperação e da solidariedade. Caso contrário, repetiremos o modelo do capital, que explora a força de trabalho e promove o individualismo. Ou a gente se organiza ou não teremos saída”. A formação, segundo ele, é um dos caminhos que temos para promover a organização popular tendo em vista a transformação real da sociedade.
Formação pensada pelo Núcleo Pedagógico da Unicopas que também contempla temas como internet e mídias sociais enquanto estratégias de organização popular e promoção de incidência. Este foi o tema da aula do curso ‘Incidência Política, Monitoramento e Políticas Públicas’, que também ocorreu neste sábado.
Davi Amorin, jornalista e comunicador popular do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), lembrou que é preciso pensar as mídias sociais como um terreno que não temos controle. “As redes sociais permitem criar segmentos tão específicos por meio da coleta de dados que acabamos ficando isolados em nossas bolhas. As redes sociais não são neutras e nós não podemos ser ingênuos com relação a isso”, destacou.
Ele lembrou que 70% do tráfego da internet passou a ser acessado por meio de mídias sociais como o Facebook, Instagram, Twitter e Youtube, além do WhatsApp. “Recebemos uma enxurrada de informações que é muito difícil de a gente assimilar. Precisamos ter consciência que as mídias sociais são fruto do capital e que estamos ali pescando as pessoas. Precisamos pensar as redes sociais como um espaço rápido onde a comunicação precisa ser direta”.
Estratégias de como promover uma comunicação assertiva neste espaço foi um dos pontos abordados pela editora do Brasil de Fato do Rio Grande do Sul, Kátia Marko. Conforme ela, campanhas que envolvem o engajamento de mais atores e organizações é uma importante ferramenta. “Se vamos lançar um vídeo, por exemplo, mobilizamos uma rede de pessoas para que o vídeo seja postado na mesma hora em diferentes perfis. Convidamos as pessoas para uma ação. Estimulamos os comentários, as curtidas. Se você faz parte de uma organização, compartilhe, comente, acompanhe os perfis deste movimento. Precisamos combater as mentiras com as verdades do nosso trabalho”, salientou.
Segundo Kátia, a comunicação precisa ser central na luta. “A comunicação não é pra divulgar o diretor num culto ao personalismo. A comunicação precisa levar conteúdo para transformar vidas, transformar consciências. O investimento em comunicação é o melhor investimento que podemos fazer em qualquer organização”.
Voltadas para a formação de lideranças da Unicopas e de organizações da sociedade civil, os cursos online têm por objetivo comum promover práticas de cooperação e solidariedade, além de fortalecer o cooperativismo solidário no Brasil. As duas capacitações contam com o apoio da União Europeia por meio do projeto ‘Fortalecimento da Rede Unicopas’.