Há 11 anos, a Coomcat – Cooperativa de catadores e catadoras de Santa Cruz do Sul é contratada pela Prefeitura.
Por Fagner Jandrey – MNCR (Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis)
Em um mercado de trabalho cada vez mais desregulamentado e com menos garantias para os trabalhadores e trabalhadoras, cooperativas de catadores de materiais recicláveis se tornam alternativas sólidas de geração de renda e vida digna para milhares de catadoras e catadores do Brasil.
Nosso país é um dos maiores geradores de resíduos do mundo, o plástico, por exemplo, somos a 4a posição mundial aponta o Atlas do Plástico de 2020[1]. Mesmo tendo uma das legislações mais avançadas do mundo em termos de gestão de resíduos sólidos, a Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS, o país ainda anda a passos lentos na sua concretização na totalidade dos municípios brasileiros.
Mesmo assim, alguns materiais recicláveis têm altos índices de reciclagem, como as latas de alumínio que tiveram 97,4% de recuperação em 2020, segundo a Abralatas. São os catadores e catadoras de materiais recicláveis os principais responsáveis por estes altos índices de reciclagem (não só das latas de alumínio, como de outros materiais), pois executam 91% de todo o trabalho da cadeia produtiva da reciclagem.
Nos municípios onde se cumpre a PNRS, e todos atores sociais cumprem sua função, as cooperativas se consolidam em empreendimentos que produzem e distribuem riqueza a partir do que é descartado pela sociedade, preservando a natureza e potencializando a economia local, garantindo vida digna para muitas famílias.
A Cooperativa de Catadores e Catadoras Santa Cruz do Sul – COOMCAT, que fica no Rio Grande do Sul, se tornou o porto seguro da catadora Eliane Grasel. Isso porque, desde 2010, quando foi contratada pela prefeitura do município, realiza a gestão da Usina Municipal de Triagem e a Coleta Seletiva Solidária na cidade.
“Antes da cooperativa, quando era só a associação eu trabalhava nas fumageiras durante a safra, e depois na entresafra trabalhava na associação, pois a renda não era o suficiente para manter minha família”, comenta a catadora. A indústria fumageira (cigarros) é um dos pólos econômicos da cidade e que movimenta grande número de trabalhadores temporários (safristas) durante o período de processamento do fumo.
“Dentro do município de Santa Cruz do Sul, nós, enquanto Cooperativa de Catadoras e Catadores de Santa Cruz do Sul – COOMCAT, atuamos na prestação de serviços de Coleta Seletiva Solidária, Logística Reversa e Gestão da Usina Municipal de Triagem. Acreditamos na importância de mostrar nosso trabalho para a sociedade, e principalmente o impacto que ele tem no meio ambiente. Pensando nisso, realizamos um levantamento dos resíduos sólidos que a cooperativa encaminhou para a reciclagem no ano de 2020 permitindo que voltassem ao ciclo produtivo, evitando assim, a extração excessiva de recursos naturais”, explicou Elaine.
A trabalhadora já é associada na cooperativa há 11 anos, assim como ela, muitas pessoas têm na força da Coomcat seu local de trabalho permanente, com muitos anos de “firma”. Atualmente a cooperativa conta com 54 associados/as, com uma renda média mensal de R$ 1.500,00.
[1] Atlas do Plástico (2020). Fundação Heinrich Böll: https://br.boell.org/pt-br/2020/11/29/atlas-do-plastico
Você sabe descartar o seus resíduos corretamente? Confira as dicas no vídeo a seguir!
Por um Brasil Cooperativo e Solidário: desenvolvimento e sustentabilidade
A experiência da COOMCAT faz parte da série de relatos de uma cadeia produtiva justa, limpa e inclusiva, que mostram que com cooperação e solidariedade é possível gerar desenvolvimento ao mesmo tempo em que promove sustentabilidade e justiça social.
A série faz parte da campanha de sensibilização ‘Por um Brasil Cooperativo e Solidário: desenvolvimento e sustentabilidade’, promovido pelo projeto ‘Fortalecimento da Rede Unicopas’, co-financiado pela União Europeia.