Ato, que reuniu mais de 120 pessoas entre parlamentares, organizações parceiras, cooperativas e associações, marcou a posse da nova diretoria da Unicopas
O cooperativismo e a economia solidária enquanto estratégias para a retomada do crescimento do Brasil a partir da geração de trabalho e renda, principalmente às populações mais vulneráveis. Foi com este mote que ocorreu na tarde desta quarta-feira (15) um ato político virtual promovido pela Unicopas (União Nacional das Organizações Cooperativistas Solidárias) em defesa do cooperativismo e da economia solidária no Brasil. O ato, que marcou a posse da nova diretoria da organização, reuniu mais de 120 participantes, entre parlamentares federais e estaduais, além de organizações parceiras, cooperativas e associações de todo o país.
“O cooperativismo com o viés econômico solidário, que é aquele em que estamos inseridos e defendemos, é um grande instrumento para a construção de uma nova sociedade, que seja pautada na solidariedade, na justiça social e na unidade de trabalhadores e trabalhadoras. Nós cooperamos para que a nossa sociedade seja mais justa, igualitária e fraterna”, destacou Francisco Dal Chiavon, que assume até 2023 a presidência da Unicopas.
De acordo com ele, em um momento em que a economia caminha para uma maior centralização da renda, a Unicopas luta por um projeto de sociedade no qual a solidariedade é a base para a construção de um novo mundo. “Quando aparece o novo é porque o velho está morrendo. E nós somos os agentes para a construção dessa nova sociedade”.
Francisco Dal Chiavon, mais conhecido como Chicão, assume a cadeira que foi ocupada por Arildo Mota Lopes, que esteve à frente da organização de 2017 a meados de 2020. Ele lembrou que, mesmo sendo uma organização recentemente constituída – pouco mais de seis anos-, a concepção da Unicopas vem acontecendo desde muito antes. “Nós estamos disputando um modelo de sociedade e temos de estar muito organizados para promover o cooperativismo e a economia solidária no Brasil. Não poderá existir uma sociedade mais justa, igualitária e fraterna se não conseguirmos dialogar com os diferentes setores”.
Arildo ainda lembrou que a Unicopas foi uma das primeiras organizações a adotar como estratégia de trabalho a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável por meio dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). “A Unicopas, como o apoio da União Europeia, está desenvolvendo um importante trabalho de incidência, abrindo portas para dialogar com a sociedade através dos diferentes setores, dizendo que existe outra forma de organização do trabalho, da produção e do consumo que não está pautado na lógica da exploração promovida pelo capital. A solidariedade e a intercooperação é a marca da Unicopas”, salientou.
A vice-presidência da Unicopas, pela primeira vez, é ocupada por uma mulher. Claudete Costa, atual presidenta da Unicatadores, assume também o posto de vice-presidente da Unicopas, que congrega, além da Unicatadores, as principais centrais do cooperativismo e da economia solidária do Brasil: Unicafes Nacional, Unisol Brasil e Concrab. “Eu, enquanto mulher, me sinto à vontade para poder falar que temos de garantir o espaço das mulheres para termos voz e para sermos vistas dentro do processo de construção dessa nova sociedade. Conseguimos unir forças destas quatro grandes centrais para seguir fortalecendo o movimento do cooperativismo e da economia solidária no país também a partir das demandas, do trabalho e do olhar das mulheres”, observou.
O fortalecimento do protagonismo das mulheres também foi destacado por Denise Verdade, coordenadora de Projeto e assessora do Setor de Cooperação da União Europeia no Brasil. Segundo ela, as ações de formação e incidência promovidas pela Unicopas amplia e fortalece a participação de mulheres – e também de jovens – em diferentes esferas da sociedade civil. “Isso destaca o cooperativismo e a economia solidária enquanto estratégia para o desenvolvimento do Brasil ocorra verdadeiramente de forma sustentável e em diálogo com a sociedade e isso vai ao encontro da Agenda 2030, que é o pilar da atuação da União Europeia”, pontuou.
O ato em defesa do cooperativismo e da economia solidária contou com a presença de parlamentares que saudaram a nova diretoria da Unicopas e reafirmaram o apoio no processo de fortalecimento e promoção do cooperativismo solidário no Brasil.
A construção de uma nova sociedade mais justa, igualitária e fraterna esteve presente em todas as falas durante o ato. Mas, para transformar o mundo, conforme salientou João Daniel, deputado federal e coordenador do Núcleo Agrário do PT, é preciso que haja distribuição das riquezas produzidas. “E a Unicopas mostra um caminho diferente: o do cooperativismo solidário, que tem como base a fraternidade e a solidariedade”.
Bohn Gass, deputado federal (PT/RS), disse que muito se escuta a frase: ‘o mundo será diferente depois da pandemia’. Mas, de acordo com ele, isso só será possível se “tivermos incidência e força política para derrubar o capital”. Isso porque, para Bohn Gass, o capital no pós-pandemia vai continuar com a lógica da exploração. “E a Unicopas, que reúne vários atores e ramos do cooperativismo, pode contribuir muito em um processo justo e igualitário de distribuição de renda”.
Papel este reafirmado pela deputada federal Erika Kokay (PT/DF), que destacou a ousadia em defender um modelo cooperativista com viés econômico solidário em uma realidade de apropriação da força produtiva. “Resgatar a construção do sujeito, dizer que o lucro não é o mais importante. Por si só, o cooperativismo e o ato de cooperar é dizer não a esse capital que cada dia mais se mostra improdutivo e insustentável”.
Companheira de parlamento de Kokay, a deputada Maria do Rosário (PT/RS) disse ser muito importante para o Congresso Nacional e para o Brasil ver a força da Unicopas e do cooperativismo solidário. “Precisamos do povo organizado e sabendo do seu valor. Quando vemos a Unicopas promovendo uma economia a partir de uma outra lógica, estamos promovendo a organização de uma sociedade que tem o trabalho enquanto princípio educativo. O cooperativismo e a economia solidária podem não mudar o mundo, mas mudam as pessoas que são capazes de transformar o mundo”, ressaltou.
O deputado federal Afonso Florence (PT/BA), coordenador da oposição no tema da Reforma Tributária no Congresso Nacional, disse que ser fundamental o movimento do cooperativismo solidário, sob a liderança da Unicopas, dialogar com os diferentes setores do cooperativismo brasileiro. “É preciso discutir com todos os setores para construirmos um cooperativismo com viés econômico solidário que, de fato, tenha uma prática não exploratória do trabalho. O cooperativismo solidário tem um papel fundamental na emancipação do trabalho humano”, destacou. Florence ainda sugeriu à nova diretoria da Unicopas a inclusão das demandas do cooperativismo e da economia solidária na pauta da Reforma Tributária Emergencial.
Ainda participaram do ato diferentes instituições nacionais parceiras, como a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), o Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH), o Fórum Nacional da Economia Solidária (FBES), a Flacso no Brasil, além de diversas cooperativas e associações de todo o Brasil e parlamentares estaduais.
Unicopas elege nova diretoria
O ato político em defesa do cooperativismo e da economia solidária foi precedido pela Assembleia Geral Ordinária realizada também em ambiente virtual na tarde desta quarta-feira. Na oportunidade, tomaram posse da diretoria da Unicopas para a gestão 2020-2023:
Direção
Presidente: Francisco Dal Chiavon – Concrab
Vice-Presidente: Claudete Costa – Unicatadores
Tesoureiro: Leonardo Penafiel Pinho – Unisol Brasil
Secretário: Genes da Fonseca Rosa – Unicafes
Conselho Fiscal
Titulares:
Anne Guiomar de Sena Silva – Unisol Brasil
Aline Sousa da Silva – Unicatadores
Sabrina Mendes Pereira – Concrab
Suplentes:
Maria Edinalva Costa Silva – Unisol Brasil
Carlos Alencastro – Unicatadores
Milton Fornazieri – Concrab