Por Daiane Benso*
Em 2025, a União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes) celebra 20 anos de atuação em defesa da agricultura familiar e do cooperativismo solidário no Brasil. Criada em 2005, a organização surgiu da necessidade de articulação nacional das cooperativas que representam agricultores e agricultoras familiares, comunidades tradicionais, assentados da reforma agrária, extrativistas e outros grupos da economia solidária.
Ao longo dessas duas décadas, a Unicafes se consolidou como uma das principais vozes do cooperativismo popular no país, somando experiências, ampliando redes e contribuindo com a construção de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento sustentável dos territórios. Hoje, o sistema representa mais de 1.500 cooperativas distribuídas em 21 estados, organizadas em segmentos que vão da produção agroecológica à comercialização, passando por crédito, habitação, transporte e prestação de serviços.
A história da entidade também é marcada pela contribuição de suas lideranças. Já ocuparam a presidência da Unicafes: Luiz Ademir Possamai, José Paulo Crisóstomo Ferreira e Vanderley Ziger, e, atualmente, quem está à frente da organização é Aparecido Alvez, na Associação Unicafes e Fátima Torres, na Confederação Unicafes, que representa uma nova geração do cooperativismo, com foco em inovação, inclusão e sustentabilidade.
A Unicafes teve papel importante na consolidação de marcos legais como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), o Pronaf e o recente Plano Safra da Agricultura Familiar. Também atua em espaços estratégicos como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável (Condraf), a Conab e outras instâncias de participação social.
O cooperativismo solidário defendido pela Unicafes vai além da produção: é uma proposta de organização da vida, que valoriza o trabalho coletivo, o respeito à diversidade cultural e a preservação ambiental. A participação ativa de mulheres, jovens e povos do campo é princípio essencial da entidade, que busca construir alternativas sustentáveis à lógica do agronegócio e do individualismo econômico.
Ao completar 20 anos, a Unicafes projeta o futuro com otimismo, mas também com os pés no chão. Os desafios ainda são grandes: ampliar o acesso ao crédito e mercados, enfrentar os efeitos da crise climática, digitalizar processos e garantir políticas públicas específicas para as cooperativas da agricultura familiar.
Em um cenário de retomada do papel do Estado na promoção do desenvolvimento, a Unicafes quer seguir como protagonista. Afinal, cooperar é resistir — e transformar.
*Mestre em Desenvolvimento Regional pela UTFPR – Pato Branco, jornalista e assessora de Comunicação da UNICAFES Nacional