Racismo é pauta de diálogos entre as juventudes do Centro-oeste

Foto: Roberto Parizotti / via fotospublicas.com

Realizado nessa terça e quarta-feira (08 e 09 de junho) em formato totalmente virtual, Encontro das Juventudes da Unicopas – Região Centro-oeste, debateu pautas comuns, como racismo, trabalho e cooperação

“Desde pequena eu sofro com a discriminação. Na escola, quando descobriram que minha mãe era catadora, eles olhavam para a minha roupa e diziam: essa roupa estava no lixo? Entrei em um processo de depressão que minha mãe me ajudou a sair. Ela me leva para encontros e reuniões e eu descobri que somos bem-vindos em muitos lugares. Não importa se é preto ou branco, a catação é profissão e a sociedade precisa entender isso. Minha família é uma família de catadores e, nossa, minha mãe está conquistando tanta coisa…”.

O relato de Ana Vitória Barros, catadora de materiais recicláveis, exemplificou o teor da formação das juventudes da Unicopas no Centro-Oeste, que reuniu durante dois dias jovens da Unicafes Nacional, da Unisol Brasil, da Concrab/MST e da Unicatadores, todas centrais do cooperativismo solidário afiliadas à Unicopas.

Conduzida por Rosana Santos, do Movimento Negro Unificado (MNU), as juventudes do campo e da cidade puderam entender o processo desse racismo estrutural presente na sociedade brasileira que muitos deles ainda sofrem, como Ana Vitória, desde meninas e meninos. Como numa roda de conversa virtual, a importância da representação dessa mulher negra lutadora foi personificada na mãe de Ana Vitória.

Rosana Santos, do Movimento Negro Unificado, conversa sobre racismo com as juventudes da Unicopas

“Vendem a ideia de mulher negra guerreira, não é que ela seja guerreira, mas nós, mulheres negras e periféricas não temos opção. A nossa única escolha é lutar. Não nos dão a alternativa para desistir. E o que é diferente na história de vocês que se reúnem por conta do cooperativismo solidário? É essa união. São os braços dados, lado a lado. Na sociedade brasileira o povo negro é proibido de se unir”, disse Rosana.

Para ela, falar sobre racismo é algo essencial porque, por exemplo, “quando pensamos em catadores e catadoras, a gente sabe que tem cor e sabe de onde vem”. De acordo com o Anuário da Reciclagem 2020, mais da metade dos profissionais da catação hoje no Brasil (55%) é mulher, a maioria negra. “Temos de aprender a falar. Quanto mais negro levantar a voz, mas negros e negras virão”.

Não por acaso, o conhecimento ganhou destaque quando as juventudes foram desafiadas a descrever com três palavras qual foi o significado do encontro para cada participante.

Os encontros regionais das juventudes que ocorrem em todas as regiões do Brasil fazem parte do projeto ‘Fortalecimento da Rede Unicopas’, co-financiado pela União Europeia, e buscam promover o protagonismo delas e deles em espaços de incidência política e de controle social de políticas públicas.

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