Conversamos com Francisco Dal Chiavon, presidente da organização, atuante no setor de produção e um dos fundadores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que esclareceu pontos importantes da Plataforma de Ações Estratégicas do Cooperativismo Solidário.
A Plataforma de Ações da Unicopas foi construída com as principais centrais do cooperativismo solidário e traz um conjunto de propostas concretas para o desenvolvimento equitativo, justo e sustentável para o Brasil.
Nesta entrevista, o presidente explica como a Plataforma de Ações pode proporcionar condições favoráveis aos trabalhadores do campo e da cidade e beneficiar toda a população a partir do movimento cooperativista.
1- Atualmente, o Brasil vem enfrentando crise econômica, social e política. Qual o papel da Plataforma de Ações da Unicopas para este momento?
A nossa Plataforma de Ações se torna extremamente importante neste momento porque apresenta ações concretas de desenvolvimento e transformação. Temos propostas baseadas em fatores políticos, econômicos e sociais, a partir do cooperativismo e associativismo.
Todas as nossas propostas são geradas e construídas pensando na integração de trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade.
2- Qual seria o caminho para a mudança atualmente?
A solução para a situação que estamos vivendo, de desemprego e de desalento,é a organização da massa dos trabalhadores e trabalhadoras, desempregados nos centros urbanos deste país. O apoio do governo atual é somente e exclusivamente à grande iniciativa privada ou à elite internacional. Cadê o apoio aos pequenos produtores, às cooperativas e associações desse país?
A Plataforma se enquadra em um projeto de desenvolvimento em que o associativismo deve ser a prioridade, ao contrário do individualismo promovido pelo grande capital. Foi esse grande capital o responsável por estarmos nesta situação. A saída para as diversas crises está na cooperação e no associativismo entre trabalhadores e trabalhadoras com o apoio do Estado.
3 – Qual a ação da Unicopas para a implementação da Plataforma de Ações?
Nós estamos apresentando nossas propostas aos trabalhadores da economia solidária, aos parlamentares e aos candidatos desta eleição. A ideia é que seja implementada no próximo governo como um programa de desenvolvimento econômico, político e social com o cooperativismo e associativismo solidário, além do apoio de políticas e recursos públicos do Estado.
Defendemos que a Plataforma deve ser uma política de Estado, de incentivo para que as pessoas possam desenvolver a cooperação na busca da solução desses problemas que estamos enfrentando.
Precisamos intensificar e materializar o espírito de solidariedade que o povo brasileiro tem.Temos uma cultura histórica de cooperação entre os seres humanos que precisamos resgatar.
4 – A Plataforma beneficia apenas o movimento do cooperativismo solidário?
Um programa dessa natureza beneficia toda a sociedade. Se olharmos para o campo, por exemplo, vamos conseguir produzir mais alimentos com diversidade e levar comida com qualidade à mesa das famílias brasileiras, o que beneficia, também, a saúde de toda a população. Os produtores também serão beneficiados, porque terão importantes políticas públicas retomadas para o fortalecimento do setor.
É necessário fortalecer a relação entre o campo e a cidade e promover, inclusive, a intercooperação nos centros urbanos, por exemplo, a cooperação da construção civil com pequenas indústrias e a transformação de resíduos nas indústrias de reutilização e reaproveitamento de materiais recicláveis.
No meio ambiente, é preciso fomentar a produção agroecológica com maior sustentabilidade, além do trabalho importantíssimo realizado por catadoras e catadores na cadeia da reciclagem.
O documento é um conjunto de ações em prol de todos os brasileiros e brasileiras, é um projeto de desenvolvimento econômico, social e solidário por meio da organização de trabalhadoras e trabalhadores rurais e urbanos em torno de cooperativas com viés econômico solidário.
5 – Como as cooperativas do movimento de economia solidária contribuem para o avanço das propostas?
Costumo dizer que a cooperativa é um instrumento importante, mas é necessária a cooperação do próprio povo. Os trabalhadores em situações complicadas, muitas vezes, desumanas, devem buscar no cooperativismo e no associativismo a força coletiva para transformar o sentido do seu trabalho e, assim, melhorar de vida. Não tem como só esperar do governo sem a força e união dos trabalhadores para transformar essa situação. Veja bem: como o mercado irá solucionar o problema da fome se é ele mesmo quem produz a fome?
O papel das cooperativas e associações para a concretização da Plataforma de Ações está no fortalecimento de suas bases, na intercooperação e no crescimento do movimento solidário, em que todos possam ter as mesmas oportunidades para um desenvolvimento justo e sustentável.
6 – Ao se tornar uma política de Estado, de que forma a Plataforma contribui para o desenvolvimento do Brasil?
Além da geração de trabalho e renda, a Plataforma vai exatamente contra esse modelo capitalista, que só gera mais desigualdade e distanciamento entre os indivíduos. Podemos citar como exemplo o importante papel da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
A Conab tem um papel fundamental para fazer a compra de produtos da agricultura familiar e realizar a distribuição dos alimentos para suprir a necessidade de pessoas mais vulneráveis. Além disso, possibilita a instituição de preços dos alimentos compatíveis com os custos de produção e com a renda dos produtores rurais e dos consumidores do meio urbano. Isso só pode ser realizado com uma política de Estado e não com o mercado que apenas visa o lucro.
7 – A Plataforma também pode ser efetiva no cenário internacional?
Nossas propostas foram construídas a partir de um cenário nacional mas podem, sim, ser úteis e servir de referência para organizações internacionais. Por que não? Estamos falando de uma outra forma de desenvolvimento, que contrapõe esse capitalismo aplicado para gerar mais desigualdade e distanciamento no mundo inteiro.
A Plataforma contribui na perspectiva de orientar, também, organizações cooperativistas de outros países, sendo uma referência para o combate à fome no mundo inteiro, além de direcionar e desenvolver o apoio do Estado para uma sociedade melhor e mais unida que atenda, principalmente, trabalhadoras e trabalhadores que estão desempregados ou subempregados.
Com relação ao meio ambiente, a Plataforma tem propostas de trabalho para uma produção agroecológica e sustentável, por outro lado temos a atuação de catadoras e catadores que reduzem o impacto da infinidade de resíduos sólidos descartados todos os dias. Dessa maneira, o documento agrega ações de conservação ambiental, também discutidas por outros países.
8 – Como contribuir com a implementação das propostas da Plataforma de Ações do Cooperativismo Solidário da Unicopas?
A Plataforma deve ser debatida e entendida pelos trabalhadores e trabalhadoras, principalmente onde há interesse em construir a cooperação para solucionar os problemas da fome e do trabalho.
O associativismo é um instrumento para a transformação da realidade da crise econômica que nos encontramos. A Unicopas está aberta aos debates com a sociedade civil, organizações, governos municipais, estaduais e federal para que seja possível a implementação da ideia de desenvolvimento no meio rural e nos centros urbanos.
Clique aqui e conheça a Plataforma de Ações do Cooperativismo Solidário.