No momento em que se discute preservação ambiental e produção de alimentos de qualidade, a intercooperação entre o campo e a cidade, promovida pela Unicopas (União Nacional das Organizações Cooperativistas Solidárias), permitiu a inclusão e geração de renda aos trabalhadores assentados da reforma agrária e aos catadores que atuaram na gestão dos resíduos gerados durante o Acampamento Terra Livre (ATL) 2023.
“Nosso convênio com o ATL vem se fortalecendo e garantindo alimentos saudáveis aos participantes do evento, nenhuma infecção alimentar foi diagnosticada graças à qualidade na produção e no preparo dos alimentos do MST. Nossa comida é limpa, agroecológica e sem veneno”, explicou Antônio Dias Abreu, dirigente do setor de produção do MST DF/entorno e coordenados de vendas institucionais da CooperCarajás.
Os participantes do ATL contaram com três refeições ao dia. O MST fez a articulação entre os produtores e os profissionais que ficaram na linha de frente do preparo dos alimentos. Ao todo, foram 45 pessoas na cozinha, incluindo três nutricionistas e sete cozinheiros do MST.
O benefício também se estende ao produtor, que consegue escoar seus produtos, evitar perdas e garantir valor agregado na produção. “Conseguimos incluir alimentos de assentamentos do Distrito Federal e do entorno, inclusive, de outros estados, como o arroz agroecológico, produzido no Sul do país, e o café, de Minas Gerais”, destacou Dias Abreu.
Pela terceira vez, a Unicopas firma a parceria entre o movimento indígena e os trabalhadores da reciclagem do Distrito Federal. Este ano, cerca de 3 mil toneladas de resíduos foram coletados e reaproveitados pelas cooperativas durante os quatro dias de evento. Por meio da Central das Cooperativas de Trabalho de Catadores de Materiais Recicláveis do DF (Centcoop), o ATL também contou com o apoio de cooperativas de reciclagem do Distrito Federal na coleta e gestão de resíduos sólidos. Além de proporcionar trabalho e renda para profissionais da catação, a parceria assegurou boas práticas sustentáveis de cuidado com o meio ambiente.
De acordo com Kleber Karipuna, coordenador executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), a parceria com a Unicopas e os catadores é fundamental porque também trata da pauta dos indígenas. “É um acordo que ajuda no nosso acampamento não só pela questão da coleta, mas da questão ambiental com conscientização da sociedade para garantirmos um futuro melhor a todos”.
“O gerenciamento de resíduos nesse tipo de evento se faz necessário porque é uma forma do catador ter uma renda melhor e menos árdua com acesso direto dos resíduos a partir de uma central móvel de triagem”, explicou Aline Sousa, presidente da Ceentcoop (Central das Cooperativas de Trabalho de Catadores de Materiais Recicláveis do DF).
Para Claudete Costa, presidenta da Unicopas, esse tipo de parceria mostra que é possível dar oportunidades aos trabalhadores que se organizam em cooperativas solidárias para estimular o crescimento econômico, a sustentabilidade e ao mesmo tempo diminuir as desigualdades sociais.