Por que nós sempre dizemos que o cooperativismo solidário é um instrumento efetivo para a promoção do desenvolvimento sustentável? Você já parou para pensar nisso?
A resposta é simples!
O cooperativismo solidário promove a sustentabilidade porque toda a cadeia produtiva é pautada nos princípios da economia solidária: autogestão, cooperação, solidariedade, centralidade no ser humano, valorização da diversidade e do saber local, além de justiça social na produção e cuidado com o meio ambiente. Isso faz com que a toda a cadeia de produção – do plantio ao consumo – seja limpa, justa e solidária.
Vamos a um exemplo prático?
Por vezes, vamos a grandes redes de supermercados, abastecemos nossa despensa, mas sabemos a procedência do que compramos? Quase nunca. Com roupa, então, nem se fala. A lógica de produção capitalista fomenta o consumo a qualquer custo, não importa se houve uso abusivo de agrotóxicos ou exploração da mão de obra. O movimento do cooperativismo solidário é exatamente ao contrário. Isso porque não corrobora com o uso predatório dos recursos naturais disponíveis e tem como pilares a justiça social, o trabalho digno e decente, além de busca constante pela redução das desigualdades sociais.
Por isso, consumir de forma consciente também é um ato político. Ao comprar dos pequenos produtores da nossa cidade ou comunidade, ao saber a procedência da roupa que vestimos, estamos, mesmo que indiretamente, contribuindo com a proteção do meio ambiente.
Você sabia que a camiseta que você veste agora pode estar cheia de agrotóxicos? Pois bem, o Brasil é o maior mercado de agrotóxicos do planeta e o algodão é a quarta cultura que mais consome agrotóxicos, sendo responsável por aproximadamente 10% do volume total de pesticidas utilizado no país. Entre os agrotóxicos mais utilizados está o glifosato, que pode causar diversos efeitos na saúde, como aborto espontâneo e câncer.
Imagina a comida que consumimos? O Brasil é campeão no uso de pesticidas na agricultura no mundo.
Conforme o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) da Anvisa, um terço dos alimentos consumidos pelos brasileiros está contaminado, segundo análises de amostras coletadas em todos os 26 estados do país. Os altos índices trazem malefícios para a saúde, como mostra o Dossiê dos Agrotóxicos elaborado pela Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva). De acordo com o documento, “o uso de um ou mais agrotóxicos em culturas para as quais eles não estão autorizados, sobretudo daqueles em fase de reavaliação ou de descontinuidade programada devido à sua alta toxicidade, apresenta consequências negativas na saúde humana e ambiental, causando problemas neurológicos, reprodutivos, de desregulação hormonal e até câncer”.
É possível produzir diferente? Sim!
Além das produções agrícolas orgânicas e agroecológicas – a maioria proveniente da agricultura familiar e camponesa -, que garantem frutas, legumes, leguminosas e verduras fresquinhas e saudáveis em nossa mesa, do trabalhado desempenhado por milhares de catadoras e catadores de materiais recicláveis em todo o Brasil na cadeia da reciclagem, é possível também estar na moda com a consciência limpa, sabia?
A Cooperativa Central Justa Trama, sonhada sobretudo por mulheres, é a maior cadeia produtiva no segmento de confecção da economia solidária, articulando 600 cooperados e associados, em cinco estados: Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Ceará e Rondônia. O processo, que se inicia no plantio do algodão agroecológico, vai até a comercialização de diferentes peças, como: roupas, brinquedos, colares e jogos de cama.
Outro exemplo é a confecção de artesanatos produzidos por mulheres em Guanambi, na Bahia. Elas plantam o algodão agroecológico nos quintais de suas casas, fazem o fio, tecem, bordam e realizam o acabamento final nas peças que se transformam em belas toalhas de rosto, de cama e mesa.
Moda sem veneno: assine a petição!
Em meio ao pior momento da pandemia do Coronavírus no Brasil, a bancada ruralista vê oportunidade de aprovar o PL 6299/02. Conhecido como PL do Veneno, sua proposta é flexibilizar o processo de aprovação de novos agrotóxicos, mudar critérios de avaliação, banir o termo “agrotóxico” e encontrar brechas para liberar produtos que a atual legislação proíbe.
Proposto pela frente parlamentar formada por empresários do agronegócio, o PL impacta diretamente a vida da população, mas foi construído de forma unilateral, sem qualquer diálogo com a sociedade. Os principais argumentos em favor do PL já foram rebatidos por uma série de especialistas. A Anvisa, a Comissão de Direitos Humanos, a Abrasco, a Fiocruz e uma série de entidades já se posicionaram contra a aprovação do projeto.