Curso Unicopas sobre incidência política tem início com aula magna

Foto: Nomad Soul Photos

Objetivo é contribuir para a formação de agentes multiplicadores em práticas de advocacy social; atividades da capacitação seguem até abril de 2022 

Foi realizada no último sábado, 27 de novembro, a aula magna que deu início às atividades do Curso Online sobre Incidência Política, Monitoramento e Construção de Políticas Públicas, promovido pela Unicopas (União Nacional das Organizações Cooperativistas Solidárias). A capacitação faz parte do projeto ‘Fortalecimento da Rede Unicopas’, co-financiado pela União Europeia. 

O objetivo é contribuir para a formação de agentes multiplicadores em práticas de advocacy social. Por isso, 100 trabalhadoras e trabalhadores do cooperativismo solidário de todo o Brasil têm a oportunidade de qualificarem os trabalhos de incidência na construção de políticas públicas em prol do cooperativismo e da economia solidária. 

Kelly Santiago, que faz parte do Núcleo Pedagógico da Unicopas, lembrou que o curso é fruto da discussão coletiva entre as quatro centrais que fazem parte da Unicopas: Unicafes Nacional, Unisol Brasil, Concrab e Unicatadores. “Este é um momento de troca para que possamos fortalecer e contribuir com o processo de transformação social, para a mudança da realidade que estamos vivenciando em nosso país”. 

O presidente da Unicopas, Francisco Dal Chiavon, destacou que a mudança da sociedade não ocorre somente por meio do trabalho produtivo. “Nós não estamos apenas inaugurando um curso, estamos inaugurando uma nova forma de cooperação entre a classe trabalhadora. Aquilo que nós queremos como nova sociedade é a gente que tem de construir e isso nós estamos fazendo agora. Quando o novo aparece é sinal de que o velho está morrendo. Nós somos a novidade. Estamos construindo a unidade na diversidade”.  

Toda a metodologia do curso, conforme salientou Renata Studart, coordenadora de Projetos da Unicopas, foi construída coletivamente pelo Núcleo Pedagógico da Unicopas, composto por Kelly Santiago, Jorge Silva, Selma Santos e Alex Cardoso. O processo também contou com o apoio de Daniel Pereira e Marislene Nogueira, integrantes da centrais afiliadas à Unicopas, e dos assessores políticos da organização Eugenio Alves, Daniel Rech, Quêner Chaves e Adilson Guimieiro. “Nosso curso vai até abril do ano que vem e para concluí-lo é preciso realizar as atividades propostas na nossa plataforma de ensino online educa.unicopas.org.br”. 

Fagner Araújo, de uma cooperativa de crédito de Poço Verde em Sergipe, disse que busca resgatar a identidade do cooperativismo solidário por meio da formação. “Nosso cooperativismo de crédito segue uma tendência muito empresarial, mercadológica, imposto pelo sistema financeiro e nossas cooperativas que nasceram da base, da luta dos pequenos agricultores vem mudando de perfil. Mas nós queremos fazer valer o cooperativismo solidário a partir do que acreditamos na construção de uma sociedade mais justa e igualitária”. 

Verônica, catadora de materiais recicláveis de Londrina, no Paraná, acredita que a transformação só vem por meio da educação. “Eu sou prova viva disso! Eu acredito que a construção de políticas públicas é feita em várias mãos e eu estou aqui para adquirir e compartilhar conhecimento”. 

Alex Cardoso, que também é catador de materiais recicláveis e faz parte da equipe pedagógica da Unicopas, resumiu o momento em um poema. 

Formação Unicopas

Nossas mãos trabalham, são elas que constroem a nação, fazem prédios, plantam arroz e feijão, catam os recicláveis e evitam poluição. Acordamos cedo, indo de busão, lotado como gado, geralmente com o estômago mal alimentado. 

Trabalhando muito e como renda de miserável, sem direito de parar, sem tempo nem para respirar, às vezes sem perspectiva de viver, pois trabalhamos e, às vezes, não temos dinheiro nem pra comer.

O capitalismo constrói um futuro de poluição, com doenças de todo tipo, pobre e sem história, sem memória, nem para se salvar, foi sempre assim, antes era pior, diziam eles,  porque então agora vai ser melhor?

Não é esta história que me agrada, ela é a própria morte da esperança, uma forma de viver no individualismo, em competição, garantido pelo capitalismo, que concentra a riqueza e distribui miséria e poluição, e a natureza, quer a aniquilação.

Mas entendemos que a natureza é nossa mãe, dela temos a arte de viver, se organizar e avançar, através do saber, com compas agricultores, indígenas, negros e mulheres, artesãs e catadores, que nesta luta são doutores, de salvar, de plantar e compartilhar, de salvar a natureza, com nossas mãos, garantindo vida com certeza, buscando no curso se capacitar, unir, compartilhar, e se não pode se encontrar presencialmente, vamos pela internet mesmo, nos organizando virtualmente.

Se somos quem trabalha, temos que ser também quem come, que da luta não se mixa, não desiste e nunca some. Se junta, se forma e se organiza. Pela luta conquista e depois divide, não desiste, insiste, avança sem retroceder, pois um amanhã melhor pensa em viver, um futuro de saúde esperanças, que cuida das nossas crianças.

Com justiça ambiental e equidade social, com economia solidária que partilha e faz viver, nunca solitária, sendo coletivo nossos sonhos e práticas de viver, e na arte de aprender que nos tornamos fortes, desmembrando a própria morte, mulher, agricultor, índio, catador e analfabeto, e se até no lixão nasce flor, aqui nos juntamos, e juntos nós formamos, fazendo tudo com indignação e amor.

Viva nosso curso, nossa luta e nossas vitórias, construindo economia solidária como nossa trajetória,  Unicafes, Concrab, Unicatadores e Unisol, formando a Unicopas, fortalecendo toda a ecosol.

Viva nosso curso, nosso compartilhamento de viver, de aprender e compartilhar, pois nossa luta é baseada em partilhas, na nossa maior força de indignação e de amar. 

Estamos mais perto que nunca, ninguém solta mão de ninguém! 

Viva a Unicopas!