Na semana em que o Brasil recebe a notícia de que o número de pessoas que passam fome no país quase duplicou nos últimos dois anos, a Unicopas (União Nacional das Organizações Cooperativistas Solidárias) reafirma o cooperativismo solidário enquanto estratégia para um desenvolvimento mais justo, inclusivo e sustentável.
Atuando em parceria com a Delegação da União Europeia no Brasil desde 2018, a Unicopas firmou novo contrato que teve início neste ano e segue até janeiro de 2024. Com o objetivo de fortalecer a atuação de cooperativas e empreendimentos econômicos solidários em todo o território nacional, o projeto reafirma o potencial do cooperativismo solidário na redução das desigualdades, na defesa dos direitos humanos e na proteção ambiental. “Essas são responsabilidades assumidas internacionalmente pelo Brasil por meio de acordos, como o de Paris, da Associação Mercosul e a Convenção das Nações Unidas para as Alterações Climáticas. Como este novo projeto, nós vamos incentivar nossas cooperativas e associações na implementação desses compromissos”, explicou Renata Studart, coordenadora de Projetos da Unicopas.
Francisco Dal Chiavon, presidente da Unicopas, disse que a primeira parceria com a União Europeia permitiu a consolidação da Unicopas enquanto referência na organização da classe trabalhadora e da economia solidária no país. “Foi um passo importantíssimo, inclusive, na construção de uma relação de confiança que estabelecemos com a União Europeia. Nós saímos do plano das ideias e colocamos nossos ideais em prática”, destacou.
Para ele, a articulação da Rede Unicopas promoveu o fortalecimento do cooperativismo guiado pelos princípios da economia solidária. “Nos deu fôlego, por exemplo, para construir coletivamente a Plataforma de Ações do Cooperativismo Solidário que está servindo de subsídio para a construção do plano de governo do Partido dos Trabalhadores.Nosso principal desafio é chegar num futuro próximo com mais cooperativas e associações organizadas em torno da economia solidária. Isso porque acreditamos que esta é uma estratégia crucial para a geração de trabalho e renda”.
O presidente ainda lembrou que para que isso aconteça também é preciso apoio do Estado. “A sociedade não resolve todos os seus problemas por conta própria. A Plataforma de Ações do Cooperativismo Solidário nos dá a direção para organizar essa massa da população brasileira que foi jogada na miséria”, sublinhou.
De acordo com a pesquisa Vigisan (Inquérito Nacional Sobre Segurança Alimentar no Contexto da Pandemia Covid-19 no Brasil) divulgada nessa quarta-feira, 8 de junho, mais de 33 milhões de brasileiros e brasileiras se encontram em situação de insegurança alimentar grave, ou seja, passam fome. Isso representa 15,5% da população. Em 2020, eram 19 milhões de pessoas, ou 9,1% da população.
A pesquisa, realizada pela Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional), ainda mostrou que mais da metade da população brasileira (58,7% ou 125,2 milhões de pessoas) convive com a insegurança alimentar em algum grau.