No Dia da Trabalhadora e do Trabalhador Rural, a Unicopas destaca a cooperação e a solidariedade entre trabalhadores do campo e da cidade; ações de solidariedade em todo o Brasil garantem escoamento da produção beneficiando a agricultura familiar, ao mesmo tempo em que abastece famílias em situação de vulnerabilidade social nas cidades
Solidariedade: esta é a palavra que move cada trabalhadora e trabalhador rural que faz parte do cooperativismo solidário. No momento em que o Brasil passa por uma das piores crises sanitárias e socioeconômicas da história, são elas e eles que continuam trabalhando em suas roças para garantir que a comida chegue à mesa de todas as famílias brasileiras.
Mesmo frente a todas as dificuldades, é da roça que saem diariamente toneladas de alimentos saudáveis em forma de doação. Cestas que chegam para trabalhadoras e trabalhadores que estão nas cidades em situação de muita vulnerabilidade social. Exemplos não faltam.
Somente em 2020, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, por meio da produção de cooperativas e associações de assentamentos da reforma agrária, doou quatro mil toneladas de alimentos e 700 mil marmitas. Este ano, o Movimento já ultrapassou mais de 300 toneladas de alimentos doados e cerca de 3 mil cestas, além de 157 mil marmitas solidárias. Essa comida toda é fruto do cooperativismo solidário.
Um respiro em meio à maior tragédia sanitária do século no país. Para Francisco Dal Chiavon, presidente da Unicopas, o momento é de união entre à classe trabalhadora. “A cooperação e a solidariedade entre os trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade é essencial para que o Brasil minimize os impactos desta crise. Não existe saída individual para um problema coletivo”.
Ele destaca ações como a que ocorreu no Distrito Federal (DF) em que 30 cestas básicas de alimentos saudáveis produzidas pelas famílias que vivem no Centro de Educação Popular e Agroecologia Gabriela Monteiro foram doadas a trabalhadores da reciclagem. A ação é resultado da intercooperação entre duas centrais do cooperativismo solidário, a Concrab e a Unicatadores, ambas afiliadas à Unicopas (União Nacional das Organizações Cooperativistas Solidárias). “Nós, catadores, quando recebemos este suporte de outro movimento, quando vemos que temos parceiros do nosso lado, sentimos que não estamos à mercê deste sistema, deste governo que não nos dá garantias. O ato foi muito importante, porque veio em um momento em que estamos tendo dificuldades para trabalhar”, sublinhou Aline Sousa, presidenta da Centcoop (Central das Cooperativas de Materiais Recicláveis do DF) que também compõe o Conselho Fiscal da Unicopas.
Ações de intercooperação entre a Concrab e a Unisol Brasil que envolveram mais de dois mil pequenos produtores, resultaram na distribuição de 150 toneladas de alimentos para centenas de famílias de cinco municípios do Vale do Ribeira, uma das mais vulneráveis de São Paulo. Além disso, somente em maio já foram distribuídas mais 11 toneladas de alimentos por meio da campanha Comida para Todos desenvolvida em parceria com a CooperCentral. “Estas foram ações práticas resultado da nossa intercooperação, capaz de gerar renda no campo e, ao mesmo tempo, promover a solidariedade, principalmente junto às famílias que mais precisam”, destacou Leonardo Pinho, presidente da Unisol Brasil e dirigente da Unicopas.
E a solidariedade fruto da cooperação não para por aqui. Por meio de cooperativas afiliadas à Unicafes Nacional, cerca de 80 famílias de agricultores familiares da Cooperativa Grande Sertão, de diversos municípios de Minas Gerais, produziram cestas de alimentos que beneficiaram quase 2 mil famílias da zona urbana e rural de Montes Claros e região, grupos indígenas, quilombolas e vazanteiros. No Rio Grande do Norte, a Fundação Banco do Brasil investiu R$ 300 mil com a Rede Xique Xique, que atenderá diretamente 50 produtores rurais e aproximadamente 1.900 famílias das cidades de Mossoró, Apodi, Felipe Guerra, Grossos, Tibau, Barauna, Upanema, Janduis, Natal e Baia Formosa. No total, serão destinadas 50 toneladas de alimentos, como feijão, arroz, batata, mamão, banana, macaxeira, entre outros.
Onde o Estado se omite e a cooperação prevalece
Todas essas ações de solidariedade e cooperação ocorrem em um momento em que a agricultura familiar e camponesa, além de sofrer os impactos da pandemia, também enfrenta a ausência de uma política pública de apoio ao cooperativismo solidário por parte do governo federal. Conforme explica Vanderley Ziger, presidente da Unicafes Nacional, “são extremas as dificuldades em decorrência da sustentabilidade econômica das cooperativas de agricultura familiar brasileira, já que se limitou a comercialização dos produtos in natura e semi-industrializados”.
Segundo ele, um fator considerável foi a diminuição da oferta dos alimentos aos mercados institucionais, como escolas e universidades, já que nem todas as cooperativas conseguem distribuir para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). “É preciso mobilização para que essas políticas públicas sejam retomadas”, alerta.
Nesta perspectiva, a Unicafes Nacional realiza nesta terça-feira, 25 de maio, um webinar cujo tema central será o debate sobre a retomada do PNAE. A transmissão ocorrerá a partir das 14h pelo canal do Youtube do PECSOL Unicafes e Unicafes Minas Gerais.