Trabalho e Renda

O desemprego e o trabalho informal, aquele sem carteira assinada, são realidades que, se somadas, atingem milhões de brasileiras e brasileiros.  

O cenário foi impulsionado pela chegada da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) no Brasil. Para um país que vem sofrendo constantes quedas econômicas e consequentes violações de direitos, em especial, os trabalhistas, além do agravamento das crises sociais e econômicas, pensar em estratégias que mudem este cenário é fundamental.  

Neste sentido, a campanha ‘Por um Brasil Cooperativo e Solidário: mais trabalho e renda’, realizada em julho de 2020, teve o objetivo de promover o cooperativismo e a economia solidária enquanto estratégias para a retomada da geração de trabalho e renda no país. A campanha fez parte das atividades desenvolvidas pelo projeto ‘Fortalecimento da Rede Unicopas’, co-financiado pela União Europeia.  

Conheça nossas experiências do cooperativismo solidário para a geração de trabalho e renda.  

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Cooperativismo e economia solidária para o crescimento do Brasil

Segundo a Agenda Institucional do Cooperativismo 2019, mais de 14,2 milhões pessoas estão associadas a cooperativas, que são responsáveis por gerar cerca de 398 mil empregos formais

A pandemia do novo coronavírus (Covid-19) chegou ao Brasil e o cenário que já não era dos melhores, piorou. O número de trabalhadores e trabalhadoras desempregados ou na informalidade deu um salto. Dados mais recentes do IBGE mostram que 12,7 milhões de pessoas estão desempregadas no Brasil, isto é 12,9% da população. Em três meses o país perdeu 7,8 milhões de postos de trabalho e desses postos a menos, 5,8 milhões eram informais. A informalidade é opção para 36,8 milhões de brasileiros, ou seja, 39,9% dos trabalhadores e trabalhadoras. Somados, os desempregados e os informais representam mais da metade das pessoas ocupadas no país e isso representa um universo de quase 50 milhões de pessoas. O IBGE ainda mostra que, pela primeira vez, menos da metade da população em idade de trabalhar está ocupada. 

Frente a este cenário, no mês em que celebramos o Dia Internacional do Cooperativismo, quero chamar a atenção para o potencial que o cooperativismo com viés econômico solidário tem para a superação de crises e para a geração de trabalho e renda. Para um país que vem sofrendo constantes quedas econômicas e consequentes violações de direitos, em especial, os trabalhistas, e o agravamento das crises sociais e econômicas como a que vivemos, pensar em estratégias que mudem este cenário é fundamental para que revertamos a situação e alcancemos o desenvolvimento sustentável.

Segundo dados da Aliança Cooperativa Internacional (ACI), no mundo existem mais de três milhões de cooperativas, que  contribuem significamente com o crescimento econômico, com geração de empregos estáveis e de qualidade. São mais de 280 milhões de pessoas em todo o planeta trabalhando em cooperativas, o que representa 10% da população empregada. Além disso, as 300 maiores cooperativas do mundo geram US$ 2,1 bilhões.

Mais de 280 milhões de pessoas em todo o mundo trabalham em cooperativas. Isso representa 10% da população empregada (Nappy)

Segundo a ONU, o cooperativismo ajuda na construção de economias e sociedades inclusivas e podem contribuir para a eliminação da pobreza, pois “permite às pessoas criarem suas próprias oportunidades econômicas por meio da força coletiva”.  Conforme a Organização Internacional do Trabalho (OIT), no mundo as organizações cooperativistas empregam diretamente mais de 100 milhões de pessoas e contam com um bilhão de membros. No Brasil o número de cooperativas e de associados é um dos menores do mundo. 

No Brasil, somente no ramo agropecuário, quase 580 mil estabelecimentos estão associados a cooperativas (11,4%); 5,9% das pessoas ocupadas estão em cooperativas, conforme o IBGE. Segundo a Agenda Institucional do Cooperativismo 2019, mais de 14,2 milhões pessoas estão associadas a cooperativas, que são responsáveis por gerar cerca de 398 mil empregos formais. 

Mas quando falamos em cooperativismo com viés econômico solidário vamos além. Isso porque no campo da economia solidária existem, aproximadamente, 20 mil empreendimentos que reúnem mais de 1,4 milhão de associados, como mostra o Sistema de Informação da Economia Solidária (Sies). 

No Brasil, somente no ramo agropecuário, quase 580 mil estabelecimentos estão associados a cooperativas (Freepik)

Esses números podem ser ainda maiores. Isso porque o cooperativismo é uma das formas associativas de organização do trabalho que também pode ser encontrado em associações produtivas e empresas de autogestão, por exemplo. As estatísticas oficiais disponíveis no Brasil ainda não contemplam a totalidade desse campo produtivo. No entanto, o compilado mostra que o cooperativismo e a economia solidária são estratégias capazes de promover a retomada do crescimento e o desenvolvimento do Brasil. São ferramentas que possibilitam a criação de trabalho digno e decente, com inclusão e justiça social, gerando trabalho e renda, principalmente às populações mais vulneráveis. 

Por isso, a Unicopas, que congrega as quatro principais centrais do cooperativismo e da economia solidária do Brasil – Unicafes Nacional, Unisol Brasil, Concrab e Unicatadores – trabalha em defesa desses setores. Nós acreditamos que a transformação e a justiça social só serão possíveis quando o país investir efetivamente em políticas públicas que promovam e beneficiem o cooperativismo com viés econômico solidário. Só assim, teremos trabalhadores e trabalhadoras, em especial os mais vulneráveis, entre eles mulheres e juventudes, fortalecidos e contribuindo ativamente para o crescimento social e econômico do nosso país. 

Arildo Mota Lopes é presidente de Unicopas (União Nacional das Organizações Cooperativistas Solidárias)

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