Gestão de resíduos com inclusão social é tema de intercâmbio internacional

Evento promovido pela Unicopas em parceria com a Fundação Coepio contou com a participação de catadoras e catadores de materiais recicláveis do Brasil e da Argentina; objetivo foi trocar experiências para fomentar estudos e pesquisas na área 

“Nós, catadoras e catadores que estamos na ponta é que fazemos a maior parte do trabalho da reciclagem, mas nós não conseguimos reconhecimento e valorização para o setor”. A fala de Claudete Costa, vice-presidenta da Unicopas e presidenta da Unicatadores abriu os trabalhos da roda de conversa ‘Gestão de resíduos com inclusão social’, promovida na última semana pela Unicopas (União Nacional das Organizações Cooperativistas Solidárias), em parceria com a Fundação Coepio, uma organização argentina de Direitos Humanos. 

Cerca de 40 pessoas entre catadoras e catadores do Brasil e Argentina e pesquisadores participaram do evento que também contou com as falas do professor e doutor em Ciências Sociais e ex-catador de materiais recicláveis, Cristiano Benites; e Ramiro Martinez, da cooperativa argentina Criando Consciência.

O principal objetivo foi proporcionar uma primeira troca de experiências entre os profissionais da catação dos dois países a fim de fomentar estudos e pesquisas na área. Mariana Fonseca, assessora de Projetos da Unicopas, que mediou os debates, lembrou que é “importante pensar como os catadores estão inseridos na dinâmica do desenvolvimento sustentável e na proteção do meio ambiente e visibilizar a catação como um lugar que gera trabalho e renda dignos para milhares de famílias”. 

Além disso, a pauta dos catadores e a gestão de resíduos sólidos estão diretamente relacionadas com a Agenda 2030, uma política importante para as duas organizações.  A questão dos resíduos sólidos urbanos é uma das problemáticas socioambientais estruturantes em todo o mundo. De acordo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), na América Latina e Caribe, são gerados anualmente cerca de 231 milhões de toneladas de resíduos. Ao menos, 20% poderiam ser reciclados. 

Ramiro Martinez, da cooperativa argentina Criando Consciência, destacou políticas públicas existentes no país e mostrou o trabalho desenvolvido que nos últimos 15 anos, segundo ele, cresceu radicalmente. Assista ao vídeo (em espanho):

Já Cristiano Benites, professor e pesquisador sobre as relações sociais da reciclagem, fez um resgate histórico para subsidiar a luta a partir da emancipação e libertação da categoria. “O Movimento Nacional dos Catadores questionou muito a exploração da cadeia da reciclagem e reivindicou a identidade de classe. Ele conseguiu fazer com que a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) visse um modelo de gestão integrada, ou seja, que não leva em consideração apenas a questão ambiental, mas também a dimensão social e econômica”. 

Clique aqui e assista a roda de conversa Gestão de Resíduos com Inclusão Social na íntegra

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