Cooperativismo e economia solidária: desenvolvimento com sustentabilidade

Neste 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, Unicopas reforça o papel do cooperativismo e da economia solidária na promoção do desenvolvimento sustentável

O Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho, foi instituído pela ONU em 1972, durante a realização da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, na Suécia. Já naquela época, o mundo demonstrava preocupação com o meio ambiente e a criação da data teve o objetivo de chamar a atenção da sociedade para os problemas ambientais e para a importância da conservação dos recursos naturais.

Mas o que o cooperativismo e a economia solidária têm a ver com o meio ambiente? Tudo!

Muita gente pode ainda não saber, mas o cooperativismo, quando promovido a partir dos princípios da economia solidária, é considerado uma das principais estratégias para a conquista do desenvolvimento sustentável.

Mas, antes que qualquer coisa, é preciso entender que nem todo tipo de economia é solidária. Existem diferentes formas de gerir uma economia. Ciência que consiste na análise de produção, distribuição e consumo de bens de serviço, um determinado modelo econômico pode gerar, por exemplo, desenvolvimento, mas sem sustentabilidade. Impacta negativamente o meio ambiente, fazendo uso predatório dos recursos naturais, com exploração da mão-de-obra. “É um modelo que gera e acentua ainda mais as desigualdades e as mazelas sociais. Por isso, pensar outro modelo de economia, que trouxesse o desenvolvimento com sustentabilidade se fez urgente e necessário”, explicou Arildo Mota Lopes, presidente da Unicopas.  

As primeiras práticas de economia solidária surgem, no Brasil, em resposta à pobreza e ao desemprego em massa do início do século XIX, causado pela chegada do capitalismo industrial. A introdução e a difusão de máquinas a vapor fizeram com que milhares de trabalhadores e trabalhadoras perdessem empregos e começassem a se organizar em cooperativas e associações.

“Já as primeiras práticas do cooperativismo e da economia solidária mostraram que outro modelo de desenvolvimento é possível. Um desenvolvimento com sustentabilidade”, afirmou Lopes. De acordo com ele, o cooperativismo e a economia solidária são capazes de promover trabalho digno e decente, com inclusão e justiça social, geração de renda e respeito ao meio ambiente. Além disso, fomenta o desenvolvimento local com autogestão, emancipação e autonomia.

Outro ponto ressaltado pelo presidente da Unicopas, foi que o cooperativismo com viés econômico solidário, também é uma estratégia de desenvolvimento fundamental para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – Agenda 2030, da ONU, em especial, quando relacionado ao combate da pobreza e da fome e na promoção de uma agricultura sustentável com cuidado ao meio ambiente.

“Por isso, quando promovemos um modelo de desenvolvimento que caminha junto com a conversação da vida em todas as suas formas, nós promovemos o desenvolvimento sustentável e o cuidado com a Mãe Terra. Não podemos olhar para o meio ambiente de forma isolada, mas sim em toda sua integralidade e complexidade”, observou Lopes.

Para compreender melhor a relação entre o cooperativismo e a economia solidária com o desenvolvimento sustentável é preciso entender alguns conceitos.  

Economia solidária: o que é?

É um conjunto de atividades econômicas de produção, distribuição, consumo, poupança e crédito, organizados sob a forma de autogestão. A economia solidária se apresenta como uma alternativa de geração de trabalho e renda, sobretudo às populações mais empobrecidas, a favor da inclusão social.

“Existe uma variedade de práticas econômicas e sociais organizadas sob a forma de cooperativas, associações, clubes de troca, empresas autogestionárias, redes de cooperação, entre outras, que realizam atividades de produção de bens, prestação de serviços, finanças solidárias, trocas, comércio justo e consumo solidário”, destacou Lopes.

De acordo com último levantamento do Sistema de Informação da Economia Solidária (Sies), atualmente, no Brasil, existem 19.708 empreendimentos que reúnem 1 milhão 423 mil e 631 associados, em 2.804 municípios. Estima-se que a Economia Solidária movimente, por ano, R$ 12 bilhões.

Economia solidária: como funciona?

Arildo Mota Lopes, presidente da Unicopas, explicou, ainda, que para um empreendimento ser caracterizado como promotor da economia solidária é preciso seguir os princípios da cooperação, da autogestão e da solidariedade. Além disso, as práticas são centradas no ser humano, valorizando a diversidade, o saber e a aprendizagem local, com justiça social na produção e no cuidado com o meio ambiente.

“É uma forma coletiva de produção, em que todas as etapas contam com a participação social. Ou seja, as decisões de um empreendimento não são tomadas por uma única pessoa, mas todos, decidem, coletivamente e de forma equitativa, qual é o melhor caminho a ser seguido, qual será o valor do produto e quanto cada trabalhador e trabalhadora vai receber por desenvolver determinado trabalho, por exemplo. Nesta lógica de desenvolvimento, não existe lucro, existe sobra, que é dividida de forma igual entre todos os membros da cooperativa ou associação, porque tudo foi produzido com o trabalho de todos. E isso promove a distribuição de renda e a justiça social”, esclareceu Lopes.

Conheça os princípios da Economia Solidária

Autogestão: não há a figura do patrão. Todos os trabalhadores e trabalhadoras participam das decisões administrativas em igualdade de condições.

Cooperação: ação conjunta para uma finalidade, um objetivo em comum. Contrária à competição.

Solidariedade: união de simpatias, interesses ou propósitos entre os membros de um grupo. Cooperação mútua entre duas ou mais pessoas.

Centralidade no ser humano: a economia e suas formas de produção, troca, distribuição e consumo são pautadas, primeiramente, para o ser humano e seu bem-estar.

Valorização da diversidade: diversidade cultural, biológica, étnica, linguística, religiosa, entre outros.

Valorização do saber local e da aprendizagem: compreende que o saber é algo construído através do tempo, gerações, vivências e territórios.

Justiça social na produção: busca o equilíbrio entre partes desiguais, por meio da criação de proteções, em favor dos mais vulneráveis.

Cuidado com o meio ambiente: promove a conservação e uso racional de recursos naturais na produção. Também fomenta ações de recuperação e educação ambiental.